O Fazer Artístico de Cada Dia

Os grandes sábios já diziam: "a prática leva à perfeição". Pensando nisso, a Cia. Mimésis compreende que não se pode caminhar ao fazer artístico sem almejar e procurar incansavelmente atingir essa perfeição (ou ao menos chegar o mais próximo possível).

 

É preciso estar sempre à procura de mais. De mais experiência. De mais conhecimento. De mais movimentação. É preciso retirar-se da bolha que aprisiona cada um para enxergar o oceano que o universo se mostra.


A intimidade é essencial. A intimidade que há de si para consigo mesmo. De entender seu próprio corpo, seus próprios desejos, seus próprios sentimentos, suas próprias pulsões. De entender também os próprios medos e receios, as próprias dificuldades e, assim, superar o "eu" do passado com um "eu" do futuro aprimorado.


E a intimidade com o outro. Tão essencial quanto, se não mais. A intimidade de saber conectar-se ao conjunto de sentimentos e limitações do outro. De vincular-se ao outro de tal forma que é possível muitas vezes até prever seus movimentos. Porque a arte é um emergir individual que se complementa em grupo. E não se pode contar a mesma história se não há sintonia.


O entregar-se é primordial. Principalmente quando é preciso ser quem não é. Porque personagens exigem do artista uma comunhão de pensamentos. Concessões entre o corpo e o espírito. É preciso ceder a atos e condutas que não correspondem aos conceitos que se costuma seguir para que o corpo possa ser do personagem e não mais do ator. Essa entrega nem sempre é fácil, mas é necessária.


Mas um personagem é incapaz de sentir sozinho. Ele carece do coração do ator. O ator tem que aprender a sentir o que o personagem sente e, crucialmente, aprender a separar seus sentimentos dos sentimentos do personagem. É uma relação que não se pode permitir ser invasiva, pois artista e arte precisam saber diferenciar quem são de quem não são, por mais profundo que seja o elo.


Trabalhar o corpo é cotidiano para artistas cênicos. Não há instrumento mais rico e indispensável para a arte cênica que o próprio corpo. E unido aos sentimentos. Aliás, melhor, expressando os sentimentos através do corpo é quando o ator finalmente sente na superfície da pele a arte exalando e manifestando a criação.


Depois de encontrar os próprios movimentos, os próprios sentimentos, a própria arte; é momento de misturar a arte própria com a arte do outro e criar algo que jamais seria criado apenas por um dos dois. Pois a arte é complexa, reprodutiva, remodelada, sentida e infinitamente adjetivada. Formidável aquele que a faz por amor.

Publicado Por: Jonas Fortuni

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