Bem-vindos
 à Necrópolis, uma cidade em que tudo pode (ou vai) acontecer. 
Deleite-se com os ocorridos vivenciados por Cesar Alighieri, um... Bem, 
vou deixar que vocês decidam o que ele é em vossas imaginações. A 
atualização dessa descrição evoluirá conforme a história for avançando! 
;)
Autoria: Felipe Veríssimo
Publicado por: Eduardo Rodrigues
Autoria: Felipe Veríssimo
Publicado por: Eduardo Rodrigues
Restaurante da Rua Caronte
Eram
 11:34 de uma manhã nublada no subúrbio de Necrópoles, fazia frio, minha
 barriga roncava, pois, só tinha comido as sobras de uma pizza, 
macarronada e ensopado que achei na geladeira logo que acordei, as 9:14.
 Não pense que sou um vagabundo que acorda tarde, sinceramente nem me
 importo se realmente acha isso, mas o que importa é que eram onze e 
pouco da manhã e eu estava com fome. Me vesti o mais rápido possível
 para ir no restaurante japonês no terraço do apartamento em que moro, 
habitualmente eu iria de bermuda mesmo, mas hoje eu queria ter uma 
conversa com a gerente. Iria apenas cobrar o aluguel que estava dois 
meses atrasado, reclamar do barulho que me acordara de noite e pedir um 
belo prato de gyoza para descontar alguns trocados da dívida. Normalmente ela me daria uma porção sem cobrar, mas eu queria diminuir a dívida e, repetindo, estava com fome.
 Vesti uma blusa cinza de mangas longas com capuz, uma calça de malha 
preta e uma boina azul. Ao trancar a porta, apanhei as correspondências e
 as folheei enquanto descia as escadas em espiral até a fachada do 
restaurante “Princesa Dragão”. “O cara tem um apartamento, deve ser 
rico”, deve estar pensando isso. Realmente ser dono de uma construção é 
sinônimo de, ao menos, uma classe social no mínimo mediana. Mas não sou,
 quem me “deu” esse apartamento foi meu pai e eu poderia viver de 
aluguel se esse apartamento não estivesse localizado na zona mais 
perigosa de Necrópoles que já é a cidade com maior índice de 
criminalidade do país. Isso me faz viver com fantásticos quinhentos 
reais por mês em uma cidade grande e olhe lá! Não estou reclamando, não 
me importo com dinheiro e como viu, posso me virar com sobras. Pra me 
virar, acabo ajudando a cidade com alguns serviços. Enfim, voltando ao 
restaurante... Assim que levantei a vista contemplei a porta de vidro com a placa “fechado” pendurada na maçaneta. Estranhei,
 a Senhora Ryuuhime não era de fechar em dias de semana antes das três 
da tarde e o profissionalismo da Família Ryuuhime era impecável. Em 
seguida já avistei ela e o Policial Saraiva sentados em uma mesa. A cena
 era a seguinte:
A
 Senhora Ryuuhime estava aos prantos pois sua filha e assistente não 
houvera aparecido em casa na noite passada e nem naquele dia pela manhã 
no restaurante. Uma preocupação plausível, em Necrópoles um dia sem dar notícia era pedir para pensarem que foi sequestrado ou morto.
 Saraiva estava anotando o essencial enquanto massageava seu bigode 
grisalho usando o indicador e o polegar da mão direita. Entrei, e logo 
em seguida o fornecedor de peixes do restaurante entrou. Alto e moreno 
com um rosto regularmente bonito, porém pálido, “Osvaldo” era o que 
tinha no crachá preso ao bolso da camisa do lado esquerdo que continha 
um lenço e que ele visivelmente checava se ainda estava contido lá 
batendo rápido com a mão esquerda. “É uma surpresa vê-lo aqui senhor 
Alighieri, sou muito fã do seu trabalho” logo em seguida ele soltara a 
caixa de salmões equilibrando-a em uma mão e estendera a outra em sinal 
de cumprimento. Cheirei a mão dele ao invés de apertá-la. Senti que ele 
ficou desnorteado com essa situação. Sentei no balcão paralelo à mesa e 
escutei todos os detalhes inúteis que a Senhora Ryuuhime passara para o 
Policial Saraiva, foram poucos pois o fornecedor estava esperando 
instruções para descarregar os salmões. Logo a senhora Ryuuhime enxugara
 suas lágrimas, com um lenço personalizado da família com detalhes em 
vermelho carmesim, e orientou ao Osvaldo que descarregasse o salmão na 
dispensa da cozinha e foi acompanhá-lo, deixando a mesa. Osvaldo ia na 
frente e a senhora Ryuuhime quase não explicara nada sobre onde a 
dispensa estava e tropeçara em uma tábua solta, próxima a entrada da 
cozinha. Após isso, ficamos apenas eu e o Policial Saraiva. “Carrasco, 
não quero que meta seu nariz podre no meu caso, ouviu bem?” disse ele 
sempre usando o tom autoritário. Ok, eu não sou a pessoa mais amada 
de Necrópoles, a maioria me chama de Carrasco da rua Caronte. Não gosto 
de arrumar encrenca no meu ramo, mas atiçar o Policial Saraiva me 
entretém também. Me julgue, sou um sociopata. Assim que Saraiva 
parou de berrar eu disse “Eu solucionei o caso, Leôncio”. Ele ficou 
vermelho de raiva em menos de dois segundos, tempo exato que James 
entrou no restaurante. James era o oficial parceiro do Policial Saraiva e tinha inteligência o suficiente para ser o delegado da cidade. Assim
 que James entrou eu pedi que trancasse a porta de vidro cujo a chave 
estava na tranca do lado de dentro e o tempo de trancar foi consoante ao
 tempo que a Senhora Ryuuhime e Osvaldo gastaram para voltar. Então 
James olhou para mim e falou: “Já solucionou, não é?”, ele pegou no ar. 
“O assassino está aqui!” disse eu em alto e bom som. A Senhora Ryuuhime 
se aproximou por de trás do balcão e com o sotaque forte e voz tremula, 
montara quase normalmente uma frase em português: “Foi um assassinato, 
Alighieri?”. Saraiva puxou as algemas vindo na minha direção. O sonho dele é que eu fosse um psicopata serial killer para ter o prazer de me prender um dia (risos).
 Antes que ele pudesse gritar de novo eu comecei a falar. “Sim, minha 
cara. Sua filha foi assassinada pelo amor da vida dela!”. A senhora 
desabara em choro. James mesmo preparado para fazer seu trabalho, não 
deixava também de se entreter com aquela situação e o Oficial Saraiva 
estava quase tão carmesim quanto o lenço da senhora Ryuuhime. Comecei 
acusação com uma veracidade quase óbvia:
“Sua
 filha costuma sair por último quase todas as noites de trabalho, ela 
diz que vai organizar as prateleiras e arrumar as coisas, mas tudo era 
desculpa para se encontrar com seu namorado secreto” falava enquanto 
ficava de ponta de pés para alcançar a garrafa de saquê atrás do balcão.
“Um
 namorado secreto? Siiimm, meus amados ouvintes. Alguém que se casara 
não faz duas semanas e que tem um anel dourado e chamativo na mão 
esquerda. Era um amor proibido. Quase Shakespeariano. Presumo que o 
caminhão que me acordara noite passada estivesse com problemas grandes 
no escapamento, coisa que identifiquei assim que Osvaldo chegou”, estava
 quase enchendo o vasilhame de saquê.
“Osvaldo
 está muito desgastado, a julgar pelas olheiras e a pele pálida ele vem 
brigando com sua esposa, dormido mal e fora de casa, talvez dentro do 
caminhão. Eu não aguentaria cheirar peixe a noite toda! (risos) Então 
chegamos à noite do ápice!” dei uma golada grande da bebida! Servi-me 
novamente.
“Sua
 filha prepara tudo para que ele entrasse sem ser percebido, ele entra, 
há uma cena digna de um filme quente!” me afastei até a entrada da 
cozinha onde havia a tabua solta, aumentando o tom enquanto me 
distanciava e, ainda segurando o vasilhame com saquê, me apoiei na 
parede da entrada.” Bem aqui!” apontei para a tábua. 
“Acontece
 que sua filha, senhora Ryuuhime, não pretendia ter relações sexuais 
antes de se casar. Penso que seja pela tradição familiar, coisa que 
Osvaldo não entenderia e não entendeu. Bateu na sua filha e ela tentou 
revidar! Maaaassss Osvaldo foi mais rápido e a enforcou até a morte. 
Nervoso e suando frio, Osvaldo pega um lenço que ela deixou cair e 
enxuga o suor para não deixar evidencias, não é mesmo Osvaldão??(risos)”
 aqui eu já estava eufórico. 
 “Saraiva,
 pode desencaixar a tábua para mim?” pedi gentilmente. Assim que ele 
arrancou a tábua, todos contemplamos o corpo da filha da senhora 
Ryuuhime com o pescoço torcido e um pouco de sangue na boca. Ela gritou.
 Osvaldo baixara a cabeça. Saraiva se impressionou com a veracidade da 
dedução. James abrira um sorriso de felicidade. 
“Osvaldo,
 sua mão tem cheiro de algo fortemente ferroso. Duvido que seja peixe.” 
Dei uma última golada no vasilhame com bebida.” O que tem a dizer, 
Osvaldo?”, aticei.
O
 silencio reinara até que Osvaldo gritou descontroladamente, pegou a 
garrafa de saquê e a quebrou. Com o gargalo da garrafa em mão ele 
partira para a pessoa mais próxima, a Senhora Ryuuhime. Mas como eu havia dito antes, James estava de prontidão.
 Rapidamente sacara seu revólver e, com maestria, ele disparou um tiro 
no pé que Osvaldo estava se sustentando o fazendo soltar o gargalo e 
cair agonizando. James rapidamente vai até Osvaldo e junto de Saraiva o 
algemou. 
Enquanto
 tudo acontecia, eu cautelosamente andei por trás da bagunça no chão e 
me voltei para a Senhora Ryuuhime. “Por gentileza poderia me prepara uma
 porção grande de gyoza com um refrigerante de café?”. Ela olhou para 
mim e desmaiou.
Bom,
 esse foi o dia em que solucionei mais um crime em Necrópoles e fiquei 
com a barriga vazia. Mas o que me alegra foi que esse episódio foi o 
início de algo bem maior!
Com toda a fome do mundo, Cesar Alighieri.
quem é sherlock holmes perto de Carrasco o carniceiro dos mistérios, adorei muito bom foi um leitura incrível, verissimo sempre me surpreende <3
ResponderExcluirMuito bom cara, Veríssimo tu é incrível mano, a leitura e muito fluida e dinâmica.
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